terça-feira, 5 de abril de 2011

coisas de vida

Quando a gente ultrapassa a hora do tempo, o momento do presente. Quando a gente perde o timing que nos conecta nos tempos que não são explícitos, mas talvez definitivos. É um tipo de escolha, perder o tempo da coisa. Perder o tempo do momento. Quando se morre antes mesmo de morrer; e se vive profundamente quando se assimila a morte dentro. Trazer a morte para dentro, pode ser viver? Pode-se estar mais vivo com a morte dentro ou a morte fora? Sem morte não há vida, nem tempo, nem percepção de passagem. Eu pergunto, eu respondo e não faz a menor diferença, saber. Não faz a menor diferença saber. Eu tenho medo de por medo perder o tempo que a vida está me dando de presente. Eu tenho medo de morrer sem morrer, e nem saber que eu morri. Essa confusão talvez seja muita vida, talvez seja o inicio de uma morte. Talvez eu tenha mais medo da vida do que da morte. Possivelmente e muito provavelmente sou uma entre muitos outros que está sempre entre a vida e morte.

Um comentário:

  1. Se eu pudesse dar um conselho seria: tenha um filho. Se eu pudesse dividir um amor com o mundo seria o que experimento agora. Odeio constatar que depois dos vinte cinco anos meu corpo mudou muito. Sinto inveja da juventude – só da estética e não consigo esconder-. Não gosto de prazos e muito menos de limites de qualquer ordem, no entanto estou sempre na fantasia de controlar. Infelizmente não controlo a morte de todas as coisas que tem seus devidos prazos, no acaso. Mas se morresse hoje, morreria assim: incoerente, absurda, incompleta. Morreria assim: com inveja da juventude – só da estética. Morreria assim: no auge dos meus trinta e poucos anos, com essa sensação de invencibilidade – pela vida vivida, pela superação de coisas que eu não escolhi, pelo amor que sinto por Valentina e por "ele".

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