segunda-feira, 20 de junho de 2011

As coisas as vezes demoram pra começar

As coisas as vezes demoram pra começar. Eu não sei direito pra onde eu devo ir. Sei que devia ir. De vez em quando eu vou e volto. Vou e volto, e nada. Nada ainda começou.
As coisas demoram pra começar. Você saiu correndo com medo; o engraçado é que nem me lembro mais da sua cara, de tão rápido que você partiu. Não aguentou, não esperou, não teve coragem de esperar pra ver começar. Eu confesso que eu corri atrás de ti, falei pra mim mesma – Tudo bem, posso perder o começo da minha vida. Mas eu sabia, eu sabia que não conseguiria, tive medo de carregar o peso de perder o começo. Então eu voltei sem coragem, sem vida, devagar, fazendo passos curtos, em zig zag, numa tentativa boba de alargar o tempo. Era uma volta, as coisas vão começar apesar da demora. As coisas vão começar.
As vezes as coisas demoram pra começar. Eu sabia, eu sei, eu espero, eu esperei, eu não fui. Eu estou aqui comigo esperando. Vou brincar de alguma coisa. Vou comprar uma cruzadinha na banca de jornal, afinal eu sei como se fala azul em inglês, e sei qual ator fez o filme Cantando na Chuva, e também sei quantos dedos tem um pato. O tempo vai passar e eu não vou sentir. Talvez sinta uma leve diferença se me olhar de tempo em tempo no espelho. Hoje eu olhei e vi cinco estrias no meu peito direito. Quando comecei a esperar, acho que nem peito tinha. Eu não senti o tempo passar. As cruzadinhas ajudaram, me fizeram sentir sabida. Ou é sábia? O que importa é que eu sei de algumas coisas, eu sou alguém. Eu sou alguém que espera as coisas que demoram pra começar.

sábado, 18 de junho de 2011

Meu Coração já esteve assim...


Eu quero chorar
Chorar por chorar
Sem causa,
Só chorar
Sentir o alívio da angústia pelas lágrimas
Sentir o desaperto do coração pelas lágrimas
Sentir o desfazer do nó na garganta pelas lágrimas
Nesse momento,
Não tenho nó na garganta
Não tenho aperto no coração
Não tenho angústia
Não tenho lágrimas,
Mas adoraria chorar
Chorar porque sou dramática
Chorar porque quero me preocupar
Chorar por um apego -
Um apego em achar que -
Pelo sofrimento somos importantes
Pelo sofrimento temos questões concretas
Pelo sofrimento somos profundos
Pelo sofrimento somos únicos,
E pelo sofrimento fazemos parte de um todo.
Afinal o mundo sofre de prazer em sofrer.
Não tenho motivo, mas tenho desejo.

domingo, 12 de junho de 2011

Aqui

É, eu estou aqui. E o que é que eu estou fazendo aqui? Não tem mais por que. Não tem quase mais sentido. Acho que eu me esqueci e fiquei, sem perceber, semquerer, sem querer. Mas eu estou aqui, e queria é estar lá, ali, bem longe daqui. Mas eu estou aqui. Aqui já foi. Eu aqui não me acerto e não me encaixo. Não quero mais aqui. Aqui que quero lá. Quero hoje lá.

sábado, 4 de junho de 2011

Eu o que mesmo?

Eu decido hoje o que eu ainda não sei, mas eu decido. Decido que preciso conversar, preciso falar tudo que eu não sei, tudo que eu sinto e não sei. Decido que vou abrir a boca pra falar uma palavra e o sentido, o encaixe do discurso virá, sem uma preparação, sem um saber. Decido que vou falar tudo, tudo o que eu sei, e o que eu não sei, decido que vou descobrir sentidos na hora, decido que vou conversar, falar de mim, falar talvez o que pareça mais óbvio. Decido que o óbvio pode me levar pra mais dúvida. Mais dúvida…. Decido que não quero mais dúvidas. E a dúvida de decidir... Decido o que? Decido hoje, agora, mas e daqui a pouco? Já não sei mais, já mudei de ideia, já mudei o outro, já mudei de mim, já mudei o outro em mim. Decido que eu prefiro perder o outro do que me perder. Decido, decido eu. Decido que não sei nada, que não sei de nada. E agora, o que eu falo? Como eu falo? Eu falo? Falo? Decido que não quero mais meu coração gritando comigo, decido que meu pulmão é muito importante e que também não quero mais ele gritando pra mim. Decido que vou encontrar, e que vai ser amanhã, não passa de amanhã. Mas tem que ser o amanhã de hoje, não o amanhã de ontem, nem o amanhã de amanhã. Decido que vou encontrar, que vou conversar, que vou falar, que amanhã vou fazer as pazes com meu pulmão e meu coração. Se eu pudesse pegava os dois no colo, conversava com eles e dizia - Espera só um pouquinho, eu ainda não sei, ainda tenho dúvidas, ainda estou perdida. Mas eles estão tão certos, tão assertivos e decididos, eles querem que seja amanhã. E eu não sei o que eu quero. Não sei nem onde estou. Se ainda fosse um caos organizado, mas é a falta de ordem, é o vazio inquieto que não quer deixar ser vazio, é um vazio que finge estar cheio. Decido que quero calma, decido que quero paz, decido que não decido nada, e que não sei nada, e que amanhã eu preciso de coragem pra me enfrentar.