segunda-feira, 20 de junho de 2011

As coisas as vezes demoram pra começar

As coisas as vezes demoram pra começar. Eu não sei direito pra onde eu devo ir. Sei que devia ir. De vez em quando eu vou e volto. Vou e volto, e nada. Nada ainda começou.
As coisas demoram pra começar. Você saiu correndo com medo; o engraçado é que nem me lembro mais da sua cara, de tão rápido que você partiu. Não aguentou, não esperou, não teve coragem de esperar pra ver começar. Eu confesso que eu corri atrás de ti, falei pra mim mesma – Tudo bem, posso perder o começo da minha vida. Mas eu sabia, eu sabia que não conseguiria, tive medo de carregar o peso de perder o começo. Então eu voltei sem coragem, sem vida, devagar, fazendo passos curtos, em zig zag, numa tentativa boba de alargar o tempo. Era uma volta, as coisas vão começar apesar da demora. As coisas vão começar.
As vezes as coisas demoram pra começar. Eu sabia, eu sei, eu espero, eu esperei, eu não fui. Eu estou aqui comigo esperando. Vou brincar de alguma coisa. Vou comprar uma cruzadinha na banca de jornal, afinal eu sei como se fala azul em inglês, e sei qual ator fez o filme Cantando na Chuva, e também sei quantos dedos tem um pato. O tempo vai passar e eu não vou sentir. Talvez sinta uma leve diferença se me olhar de tempo em tempo no espelho. Hoje eu olhei e vi cinco estrias no meu peito direito. Quando comecei a esperar, acho que nem peito tinha. Eu não senti o tempo passar. As cruzadinhas ajudaram, me fizeram sentir sabida. Ou é sábia? O que importa é que eu sei de algumas coisas, eu sou alguém. Eu sou alguém que espera as coisas que demoram pra começar.

2 comentários:

  1. Meu poema Mude, que você publicou em 25 de maio, está incompleto.

    Se puder, corrija.

    Abraços,

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  2. Oi Edson. que bom que vc veio aqui reclamar sua autoria. o texto é lindo e cheio de vida! eu achei sem querer na internet dando credito a clarice, mas realmente nao é nada mal ser confundido com ela, rs!
    abraços

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