segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

sem nada

sem mim
sem vida
sem saber o que
sem saber como e
sem saber onde
não escrevo
não me relaciono
não me afeto
não estou pronta
nem calma
nem inteira
nem eu
nem um pouquinho eu
só sem mim
só sem nada
só de brincadeira séria
quero não saber
quero não ser
quero não querer mais nada
que você veio
que você me disse
que você me mente e
me irrita
me briga e
me irrita
sem saber e sem precisar, só querendo que você vá embora e me deixe assim, sei lá como, mas assim...

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Uma troca por favor.

Eu estou triste assim sabe...
Assim... Cansada de mim, cansada de sentir as mesmas coisas que eu sinto desde que...
Cansada de ser perseguida pelo pior de mim.
É difícil, às vezes acho que vou ficar sozinha.
Não um sozinha sem encontros com possíveis alguéns ao longo da vida para casar, viver junto, etc...
Digo sozinha de amigos, sozinha de família, sozinha de pessoas queridas.
Acho que sozinha até de mim, porque em momentos como esse, nem eu me agüento, nem eu me quero por perto.
Eu me persigo - faço isso comigo mesma provavelmente, desde que aprendi a falar ou até antes.
Não dá para me devolver e pedir outra no lugar?
Uma outra mais suave, mais agradável, mais tranqüila e receptiva.
Força é uma coisa que só funciona quando se tem a sabedoria ou intuição para dosar, e eu sou tapada demais.
Tapada por mim mesma, tapada de mim mesma.
Difícil esse lugar de não me agüentar.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

A Vida de Ana

Ana não deixa a vida brincar com ela. Todos os dias a Vida bate na sua porta. Ela já chegou com bola pra jogar, tinta e tela pra pintar, boneca pra brincar, mas Ana não quer jogar, não quer pintar, não quer brincar. Toda vez que a Vida chega na porta da menina ela já grita – Ana! E Ana responde – hoje não Vida! Vem amanhã. E a Vida vem sempre amanhã, e o amanhã vira hoje e hoje vira ontem e ontem a menina quase sempre esquece. Ana hoje e Ana ontem não quer brincar com a vida. Mas por que não hoje, ora bolas? O que é que Ana faz de tão interessante, que ela passa adiante a oportunidade de brincar com a Vida, de talvez se divertir, e de até gostar da Vida e não querer nunca mais voltar pra aquela casa. Não que a casa seja um problema, ou não seja uma boa casa, mas que talvez depois da Vida, a casa seja só uma casa, uma casa sem a Vida. Bom isso a gente já sabe, que a casa não tem a Vida, mas então o que é que ela tem? Ana escolhe ficar ali todo dia, alguma coisa tem que ter. Bom ela tem duas portas, uma para entrar pela frente e outra para entrar por trás. Uma janela na frente, que Ana muito de vez em quando, de vez em quando mesmo, pára pra olhar um pouco lá fora a estrada de terra, as crianças que nela correm, as árvores, e o sol que brilha com muita freqüência naquela região. Nesses dias de sol o céu fica exatamente aquele azul que deu origem à expressão “azul da cor do céu” de tão azul. E não é que Ana quase nunca via esse azul, ela ficava enfurnada, fazendo não sei nem o que. Ninguém sabe como é o interior da casa, e o que é que ela faz lá dentro, mas sei lá, não deve ser melhor do que brincar com a Vida. E a Vida, de tão iluminada e intensa, nunca desistiu de bater na porta da Ana. E Ana nunca desistiu de dizer volta amanhã.
E hoje Ana já não é menina, já não vai mais até a janela ver a estrada de terra, o céu azul, o sol e as crianças correrem. Ana não pode mais correr com as crianças, hoje seu peito aperta um pouco porque ela gostaria de correr, ela gostaria de ter corrido, ela gostaria de ter corrido que seja só uma vez, só pra saber como é correr naquele chão de terra entre as árvores, com cheirinho de eucalipto, junto com tantas crianças, Ana queria, mas não dava mais. O curioso é que a Vida não desistiu, ela bateu há agora pouco na porta de Ana, e Ana já uma mulher de idade avantajada rejeitou mais uma chance de brincar com a Vida. Gente, mas quem disse que brincar tem que ser correr e pular, quem disse que brincar é coisa de criança! Se fosse só de criança a Vida não teria vindo agora pouco bater na porta de Ana. Ana sempre pensava: amanhã eu vou, amanhã eu encontro com a Vida. Hoje quando Ana gritou – hoje não Vida! Volta amanhã! – um nó se instalou permanentemente em sua garganta, ela mal conseguia engolir, era ruim demais. Seus olhos se encheram de lágrimas depois do nó formado, ela sentiu seu coração comprimir de medo e arrependimento de ter esnobado a Vida todos esses anos. Ela não acreditava, que depois de tanto tempo, e tantos nãos, a Vida estava ali firme e forte batendo na sua porta. Na sua porta! Na porta de Ana! A Vida ainda batia na porta de Ana! Ana percebeu o quanto a Vida ainda estava disponível e louca pra brincar com ela, não importava o dia, não importava a idade e não importava a Ana, tanto fazia se menina, mulher, velha. A Vida queria Ana, e hoje Ana também queria muito a Vida, queria correr com a Vida, sabia que correr não dava mais, mas alguma coisa dava, porque senão a Vida não estaria ali ainda. Então depois disso tudo, resolveu tomar coragem, e foi dormir preparada pro dia seguinte, preparada pra dizer sim para a Vida. Ela foi dormir feliz, preenchida e cheia de coragem para brincar com a Vida. Ana nunca tinha sentindo isso, acho que Ana já sentia a Vida antes mesmo da Vida bater em sua porta. Ana estava animada, foi dormir vivendo, foi dormir pronta pra viver. Ana depois de uma vida, nesse momento ia dormir viva, com a Vida dentro dela. Ana foi dormir. E no dia seguinte a Vida não bateu em sua porta. Ana dormiu muito, um sono profundo, sono de anos, sono de vidas.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Sai ou Fica

As vezes sair é a pior escolha de uma vida que a gente não sabe bem nem aonde começou. Ficar não sei bem o que pode ser. Não há muitas escolhas. Querer saber onde começou. Como isso é possível? Quando eu percebi já estava aqui onde estou sem saber de nada. Sair pra que? Sair pra onde? Sair por quê? Ficar porque não sei se saio, porque não sei com quem, porque não sei e tenho medo. Ficar. Acho que ir é bom, poderia ser um deixar levar. Não sai, nem fica. Só vai. É assim que é, e que eu, não sei o que é.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

How it feels to have a stroke - Como é a sensação de um derrame cérebro

video um pouco longo, mas impressionante. fica muito claro pra mim que deveríamos utilizar muito mais o nosso lado direito do cérebro. é uma viagem! uma neurologista descreve como foi sofrer um derrame, entra em detalhes de como é ser orientada apenas pelo lado direito de cérebro.