quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Quando dá tilt

Quando dá tilt no corpo - no cérebro - uma pane - um... não sei mais nada. Onde estou? Como prosseguir? O que fazer? Talvez um desamparo, presença, vida que expõe e desequilibra o seguro. Uma desestabilidade do estar. A cabeça não sabe e trava o corpo. O corpo pode ir sem a cabeça, pode estar presente e reagir, agir no momento e não na cabeça. A falta de controle liberta, não há o que fazer só estar presente.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

CHÃO

CHÃO QUE RACHA UMA QUEBRA, ABRE UM BURACO.

CHÃO COM UM BURACO ABRE ESPAÇO PARA ALGUÉM.

QUEM QUER CAIR?

ALGUÉM DISSE NÃO.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Minha casa organizada

Limpo as teclas do meu computador cheias de poeira e farelo. Algumas não têm jeito, vão ficar sujas. Fiz a minha cama, dois travesseiros de um lado, três do outro, isso porque tento ser justa e equilibrada. Arrumo minha cama toda manhã. Minha casa é toda aberta, não tem paredes, a cama tem que ficar arrumada sempre. Já o computador de vez em quando com menos poeira e farelo. Não consigo não acumular malas e sapatos na entrada, quase que impossível. Mais dia... menos dia... terei que pendurar as roupas que se encontram dentro das malas na porta de casa e guardar uns quatro pares de sapatos - tudo de volta para o closet. Meu apartamento não tem nem 50m2, mas tem closet e também tem área, copa, sala, quarto, escritório e um banheiro dividido. É um amontoado de áreas separadas e todas juntas num só espaço, como já mencionei não tem parede. Uma vida sem paredes.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Projeto Pause (II) - Dezembro 2010 RJ

Fotos minhas né gente, nunca coloco o crédito, mas já deve ser óbvio, não?
E quem tiver interesse em saber mais sobre Projeto Pause e seus outros trabalhos está no facebook - é só clicar no título em azul acima que vai direto pra página.








Eu fico sempre achando que é você.

Eu fico sempre achando que é você.
Eu fico sempre achando que é você que vai cruzar na minha frente, assim, bem no segundo em que eu pensei em você, e que eu vou poder falar: que coincidência, não é que eu estava pensando em você.
Eu fico sempre achando que é você que vai aparecer e dizer: pois é, achei que, o que eu queria era o que eu queria, mas o que eu quero mesmo é você.
Eu fico sempre achando que é você que vai ser você comigo. Só isso. Só comigo. E só você.
Eu fico sempre achando que é você, mas nunca é.
Eu fico, eu fico sem você. Eu fico comigo. Eu fico, mas como eu queria ficar com você.
Eu fico com espaço, fico oca, fico na expectativa da vida, que não é vida sem você.
Não sei quem você é, não sei quem eu sou com você, não sei.
Não sei, eu fico e não sei. Eu fico e espero. Eu espero e acho que pode ser você que vai estar sem querer, porque a vida quis, porque é isso, porque não sei, mas é, porque eu não sei por que, mas que vai ser você perto de mim.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Um hoje que já não é mais hoje, mas não é que poderia ser...

Quantas coisas novas vivi hoje. Hoje dei um salto, me vi há alguns anos atrás em fúria e agora na calma. Hoje confiando e tendo doçura pra aceitar o momento. Doçura pra aceitar o afeto, mesmo que não sendo o afeto idealizado, afeto de cinema, mas é afeto que me cabe hoje, é o afeto que hoje, eu tenho disponível dentro de mim. Hoje abri espaço para receber, e criar uma nova forma, saí da reatividade e da reprodução. Hoje estou mais sincera e mais delicada comigo. Sempre em transformação, sempre morrendo e nascendo. Beijei com calma, estive com calma, olhei sem pressa, só olhei, nem vi nada, nem pensei nada, só olhei. Foi a calma do presente que me trouxe essa nova possibilidade que eu nem sei o que é, se é ou não é, e nem me importa, agora não me importa. Quero confiar na vida. Mesmo nessa fase de tantas incertezas, tantas dependências, e falta de perspectiva eu agradeço estar passando por esse momento junto com todas essas outras que se somam dentro de mim, e me compõe hoje de forma caótica.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Benjamim - Proust - Tempo

Final de período, vários livros e textos pra ler, trabalhos pra escrever. Meu cérebro já está fritando, afinal não sou e não tenho a menor intenção ou pretensão em seguir uma carreira acadêmica e muito menos me tornar uma intelectual, mas não posso negar o prazer quando encontro um autor ou idéia que me afeta. Fui afetada por Benjamin e suas reflexões sobre Proust.

Walter Benjamim em A imagem de Proust - levanta questões sobre passado e presente na obra de Proust. Cito aqui duas passagens bem simples e fortes que me fazem muito sentido hoje.

"Pois um acontecimento vivido é finito, ou pelo menos encerrado na esfera do vivido, ao passo que o acontecimento lembrado é sem limites, porque é apenas uma uma chave para tudo o que veio antes e depois." Walter Benjamim

continuando nesse pensamento...

Jeanne Marie Gagnebin escreve sobre Benjamim refletindo Proust - "O golpe de gênio de Proust está em não ter escrito "memórias", mas, justamente, uma "busca", uma busca das analogias e das semelhanças entre o passado e presente. Proust não reencontra o passado em si - que talvez fosse bastante insosso -, mas a presença do passado no presente e o presente que já está lá, prefigurado no passado ou seja, uma semalhança profunda, mais forte do que o tempo que passa e que se esvai sem que possamos segurá-lo. A tarefa do escritor não é, portanto, simplesmente relembrar os acontecimentos, mas "subtraí-los às contigências do tempo em uma metáfora." - Prefácio Walter Benjamin ou a história aberta do livro Walter Benjamim Obras Escolhidas Magia e Técnica Arte e Política