quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Um dia, meio dia de um jeito.
Meio segundo de outro e depois outro.
Hoje não sei bem, é bom não saber bem.
Quando sabemos bem acho que não sabemos nada.
Talvez ou sempre não sabemos nada.
É um combinado entre nós e nós mesmos, entre nós e os outros de que sabemos, de que somos alguém ou qualquer coisa.

domingo, 26 de setembro de 2010

Quando eu espero por alguém, na espera eu pemaneço - paro de pensar, paro de olhar, quase que não respiro mais.

sábado, 25 de setembro de 2010

Faz Parte de um Todo - Voltando...


Hoje me lembrei, hoje vivi, me lembrei de você. Como você era, como você pensava e o que você sentia. Quis correr pra bem longe de você mas não tem jeito né, não tem saída, ou era você ou era você, então eu escolho... você. Eu não sei bem o que pensar, não consigo organizar compreensão para julgar. Talvez isso seja bom, acho que isso é muito bom. Hoje não me importa quem você foi e como você vivia e o que você fazia e como você pensava. Hoje me importa você hoje, como você pensa, como você chora, como você come como você ama. Eu não amo mais, e você? Nunca amou né, eu me lembro ...você sempre contava suas historias e seus sonhos acordados, e sonhos sonhados, e sonos perturbados e sonos acordados, sonos tensos acordados, fingindo estar dormindo. Eu sem você hoje sou eu hoje, eu com você hoje somos, você sem mim hoje continua você, você sem mim lá não existia. Você me libertou de mim, hoje estou mais próxima de você, porque eu voltei, eu comecei o retorno do conhecido estranho. Hoje me amo em você com medo de viver e medo de estar.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Ani DiFranco Records "Both Hands"




I am walking
out in the rain
and I am listening to the low moan
of the dial tone again
and I am getting
nowhere with you
and I can't let it go
and I can't get through...
the old woman behind the pink curtains
and the closed door
on the first floor
she's listening through the air shaft
to see how long our swan song can last
and both hands
now use both hands
oh, no don't close your eyes
I am writing
graffitti on your body
I am drawing the story of
how hard we tried
I am watching your chest rise and fall
like the tides of my life,
and the rest of it all
and your bones have been my bedframe
and your flesh has been my pillow
I am waiting for sleep
to offer up the deep
with both hands
in eachother's shadows we grew less and less tall
and eventually our theories couldn't explain it all
and I'm recording our history now on the bedroom wall
and eventually the landlord will come
and paint over it all
and I am walking
out in the rain
and I am listening to the low moan of the dial tone again
and I am getting nowhere with you
and I can't let it go
and I can't get though
So now use both hands
please use both hands
oh, no don't close your eyes
I am writing graffitti on your body
I am drawing the story of how hard we tried
hard we tried
how hard we tried

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Eu sou o que eu vivi. As pessoas que conheci. As comidas que eu comi e as roupas que eu vesti. Carros, nhá bentas e momentos que meu pai me deu. A boneca que eu poderia levar para a escola contra a minha vontade. A clavícula quebrada por amor e por falta de amor. A fazenda com cheiro de bosta de cavalo e pasto. Risadas, lágrimas e histórias da vida de outros que me foram contadas, outros que conheci e outros que não conheci, mas fui afetada. Brigas... longas brigas que eu não me lembro, mas estão em mim junto com o Dudy, Loly, Portos e Kalua. Com panqueca e karo e soldadinhos de chumbo. Eu sou o outro em mim. Fico perdida comigo, com o meu momento, com a vida, com a minha história, vontades e sonhos. Perdida com quem eu sou agora, quem eu estou agora. Sou minha mãe durante anos sem saber o que nasceu pra fazer, sou a minha mãe encontrada, sou o meu avô que sobreviveu o holocausto e está hoje vivo perto de mim, com a guerra, a vida e a despedida dentro dele - despedida da historia da vida dele e das pessoas sem ainda nem ter morrido. Quem é o meu avô? Eu sou meu avô, minha avó que sempre esteve geograficamente perto, mas nunca conheci. Já tivemos o mesmo olhar, um dia vi numa foto dela a minha foto. Sou a minha família que julgo tanto, que critico tanto, sou medíocre que nem eles - está tudo em mim. Eu sou tantas músicas, cheiros. Estou perdida, mas escrevo aqui coisas, pessoas e lembranças que me mapeiam, que me encontram e me perdem, porque também não sou nada disso. Amanha já posso não ser mais nada, amanha já não estou mais aqui, não porque posso morrer, mas porque posso esquecer tudo e todos. E quando a gente esquece? Quem somos sem memória, sem história, sem reconhecimento? Quem sou eu sem essa minha crise de hoje? Quem sou sem meu encontro de ontem? Será que somos mesmo? O que eu não me lembro está em mim, e eu nem sei que diferença faz, tenho medo de perder pessoas, histórias, lembranças e nem perceber que eu perdi. Quando a gente perde e sabe, a gente vive a perda , o luto, o sofrimento. Mas e quando a gente perde e não sabe o que perdeu.? E só daqui um, dez ,trinta anos a gente sente falta.E quando o que foi perdido é muito importante, mas mesmo assim a gente não se lembra de ter perdido, é como se nunca tivesse sido vivido. Sinto angustia de perder momentos e afetos sem perceber, sem querer, só porque sou o acumulo de muitas coisas significantes e tolas. Me perdi de mim mesma.

sábado, 18 de setembro de 2010

A Menina que Colecionava Chatices

A menina sabia tudo o que tinha que fazer sem nunca ter visto ninguém antes fazer aquilo, que ela não sabia o que era, mas sabia o que tinha que ser feito. Como é que a gente sabe o que fazer, mas não sabe o que é? A menina sabia, a menina também não tinha nome, ela era conhecida como a menina que colecionava chatices, ela sempre sabia o que tinha de ser feito, sempre tinha uma opinião, tinha o seu jeito de pensar e agir e facilmente impor isso em qualquer um, não importava quem. Ela queria falar, queria dar palpite, queria se meter, queria dizer, não - mais do que isso, queria ser a dona da verdade, dona do mundo, dona dos pensamentos dos outros, sem saber o que todas essas coisas eram. Ela tão jovem, com tão pouca experiência, enchia os outros de opinião, ela colecionava chatices. Ela era grande, pesada, com bastante carne, tinha coxas que roçavam uma na outra e quatro rolinhos de gordura que se encaixavam em torno de sua barriga. Aquele peso todo, era a sua coleção de chatice que já tomava forma em seu corpo, ela mesma não se agüentava – é difícil sempre saber o que tem que ser feito, sem na verdade não saber nada de nada. Ela tinha muitas chatices, dava passos bem curtinhos, mas sempre acelerados, tinha pânico de ficar para trás, vivia olhando para os outros tentando alcançar o ritmo que vinha de fora, e na primeira brecha, lá tentava ela de novo, impor o seu ritmo, como se fosse o melhor, o único jeito certo, de fluir. Mal sabia ela que quando se pensa no jeito certo, já não se pode mais fluir, quando a gente flui com os outros e com a vida, não tem certo nem errado, as coisas só estão, e uma hora pode ser preto e logo em seguida ser branco, um brigadeiro pode sim ser doce e outro amargo e não tem nada de errado nisso, porque com certeza deve ser muito melhor comer um brigadeiro doce depois do amargo, do que só comer o brigadeiro doce. As pessoas sentiam a presença da menina de longe, sua voz estridente era inconfundível, uma voz de cabeça, que parecia que ia fazer com que as veias em sua testa fossem explodir a qualquer momento de tanta força que ela fazia para falar, para ser ouvida e principalmente ser levada a sério. Mas ninguém levava a menina a sério, ela colecionava chatices, chatices que esbarravam no bem estar do outro. Uma menina solitária que sabia sim muitas coisas, que sabia e nem sabia por que, coisas que poderiam fazer sentido, e trazer muitos amigos e ouvidos disponíveis, mas ela não sabia como dizer as coisas, ela não tinha jeito, não tinha tato nem delicadeza, nem disponibilidade. Era uma menina que não sabia ouvir, mas sabia falar, e sabia tudo o que tinha que fazer, mas só conseguia falar, não dava chance de vida para seus ouvidos. Ela vivia colecionando chatices.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Saudade de você.

Hoje senti saudade de você.
Que coisa mais chata, ainda sentir saudade.
Achava que o tempo tinha acabado com a minha saudade.
É tudo sua culpa, a saudade, tristeza, vazio, incerteza, medo, saudade.
Ontem não senti saudade de você.
Ano passado também não, você viajando e eu não sentia saudade.
Saudade sinto hoje, não sei nem mais do que, da presença, da ausência. De mim.
Saudade de mim com você.
Saudade de você.
"Passa logo, e no fim tudo dá certo." - Ontem me falaram isso, e eu nem estava sentindo saudade. Hoje lembrei disso depois da saudade.
Amanha já não lembro mais de você.
Hoje sinto saudade.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Mais auto-retratos 98...

Pois é, esses auto-retratos que estão começando a dominar esse blog, são eu organizando as minhas fotos e vendo o que que restou e o que eu tenho que reampliar. Todas do tempo em que fazia faculdade de fotografia na universidade da florida, todas trabalhos que foram apresentados e criticados. Sim eu gostava muito de me fotografar, afinal a inspiração vinha de madrugada, sozinha não tinha outra opção, era eu ou eu mesma. Vários professores também pediam auto-retratos. Enfim ainda vem muita foto por aí, espero que não cansem... Vou colocado aos poucos.


sábado, 11 de setembro de 2010

PRIMEIRA SÉRIE DE AUTO-RETRATO 1998

Feita com uma Nikon 6006 - filme TMAX 400 - ampliação em papel de fibra


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Eu sinto saudade, sinto falta. Sinto orgulho, mas sinto falta. Sinto tristeza, e orgulho. Sinto uma leveza, mas algo preso, que me aperta a alma, o peito. Fiz um grande movimento, uma grande decisão, sei que esse é o meu caminho, que essa é a minha vida, e essa sou eu nesse mundo que é muito maior. Sou eu acreditando e confiando no todo. Estou presente, verdadeira com muita saudade, falta, tristeza, felicidade, orgulho, falta e tristeza.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Lamento Sertanejo

Estou eu aqui lendo textos meus antigos. Lembrando de momentos e percebendo a minha trajetória até o dia de hoje, até esse meu estar. E ganhei uma musica de presente, uma música que me trouxe o passado no coração, nas minhas lágrimas e na saudade. Uma saudade que é feliz e satisfeita pela vida que já foi, uma saudade que só quer ser saudade, não quer voltar nada, ser nada e nem estar nada. Saudade com muito afeto, saudade de peito apertado/aberto e preenchido pela história, pela troca, por um companheirismo, um encontro de alma que como tudo passa e vai e abre o vazio para outros encontros, e mais momentos e mais histórias e trocas e companheiros. A vida vem, e a gente tem que ir junto, não dá pra segurar nem querer segurar, voltar. Eu quero ir, quero ser levada, sem reservas, sem planos e sem destino. Não canso de repetir o meu profundo desejo pelo presente, pela presença, pelo estar.