quarta-feira, 7 de julho de 2010

Lembranças Dela

Lembranças de alguma vida... Pra que? Pra quem? Quantas coisas não foram vividas e ninguém sabe. Ninguém sabe o particular, o único que era dela só dela e assim como o segundo, ou qualquer passagem se foi. Não volta. Ela era ela, e só aquela ela, todos sabiam quem era ela, mas não sabiam dela como ela. Como era possível ela levar, dividir, comunicar essa ela com os outros, talvez outras elas que também nunca serão além de um ela, isso se tiverem sorte, porque podem facilmente virar ninguém ou o nada. Uma diluição no todo que fica, mas ninguém sabe que ela está parte nesse todo. Ela se foi e eu nunca soube quem foi, e hoje ela não me diz nada, não sei nem que cara ela teve, como ela falava, se ela falava. Talvez gostasse de falar muito, de se expandir num mundo que vivia tentando uma compressão no ela. Não importa se tinha um nariz grande, pequeno ou arrebitado, porque para o todo ela nunca foi, nunca existiu, existe de outra maneira, ou é o que ela gostaria de acreditar, afinal, como todos nós ela tinha uma certa vaidade, egocentricidade, era importante acreditar que o mundo só acontecia porque ela fazia parte, ela estava presente. Mas que engano, o mundo está aqui hoje e ela não, e ninguém lembra dela, e ela que talvez tivesse um nome virou ela, junto com todas as outras elas que são alguém e breve serão ninguém, ou o todo. Ela me olhou e não me disse nada, me olhou porque era o que eu queria, era o que eu precisava, ela me olhou e me tornou eu.

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