terça-feira, 5 de outubro de 2010

Continuação diálogo término ele e ela

Ela com se tivesse saído. Vira pra frente e ele que ficou também vira pra frente. Os dois falam um de cada vez, não se ouvem.
Ela - Depois que eu fui embora eu cantei e gritei um agudo que nem eu sabia que tinha, que estava dentro de mim. Minha garganta secou e sufocou a minha voz. Não consegui mais emitir sons pela minha boca.
Ele – Depois que você foi embora eu cantei e gritei um agudo para o meu travesseiro. Ouvi minha voz desesperada abafada na fronha e na pena. Não podia vacilar e deixar o vizinho ouvir meu choro. Minha boca agora murcha, com voz, mas sem vida, quase que sem língua. Não quero mais beijar ninguém.
Ela – Eu quero sair e beijar o primeiro que cruzar a rua.
Homem passa cruzando. Ela agarra e beija o homem, ele se assusta mas não recusa o beijo. Os dois se beijam apaixonadamente, e ele o ex pára e olha a agarração. Ela arranca a roupa dele, arranca a roupa dela. E no meio dessa loucura, desse ímpeto ela pára e pergunta o nome dele.
Ela – Qual o seu nome?
Homem perdido, não entendendo direito aquela cena bizarra.
Homem – uh... eu... eu não sei... eu esqueci...
Ela – Deixa eu ver a sua carteira? (Vê que Homem ficou só de cueca e que não tem carteira nenhuma nele, deixando-o sem graça.)
Homem – ah.. uh... a minha carteira.... carteira. Eu não tenho carteira.
Ela – eu não acredito. Cade? (começa a mexer nas roupas que foram jogadas no chão) Ah! Achei!! (debochando) Não tenho carteira, bla bla bla... esqueci meu nome... bla bla bla... eu também. eu também esqueci meu nome... (Ri) eu também não tenho carteira, identidade então! Nunca tirei uma, eu não existo, não tenho nem certidão de nascimento, (rindo), eu não tenho mãe nem pai, nasci nem sei como, eu nasci já esse eu de agora. Sem nome nem documento nem história... (debochando), pega a carteira, abre e começa a tirar vários papeizinhos, vários -um exagero, é interminável. Tenta ler as anotações, tudo muito confuso. Finalmente chega no documento olha e lê.
Ela – (continuando o deboche)Eu não tenho nome... aqui ó, seu nome é... deixa eu ver...Chargeson. Chargeson!? Chargeson não é nome!!! É mistura de seriado japonês tosco e algum “son” da vida. Chargeson! Ô coisa cafoninha.
Homem – Chargeson? Meu nome é Chargeson? Tudo bem então me chama. (vira de costas e espera)
Ela – Oi?
Homem – Me chama. To esperando.(vira de costas novamente.)
Ela – A tá. Ô Chagerson!!!
Homem – imóvel permanece de costas
Ela – Ô esse menino Chargeson! to chamando! (cutucando ele)
Homem – (toma um susto) Oi? Você me chamou? Ta vendo eu te disse, meu nome não é Chargeson, eu teria atendido de primeira, eu não sei o meu nome. Qual é o seu nome?
Ela – Qual é o seu nome?
Homem – Não qual é o seu nome?
Ela – Não qual é o seu nome?
Começam a elevar o tom, falam ao mesmo tempo, gritam se irritam e ficam agressivos.
Ele que estava olhando, faz algum barulho (a decidir, grito, apito, batida) e interrompe a discussão, os dois agora mudos olhando para ele.
Ele – (Para ela) Seu nome vai ser Nora. (para homem) E o seu é Homem.
Ela – Mas e hoje?
REWIND. Tempo volta para o inicio da discussão.
Ela – Qual é o seu nome?
Homem – Não qual é o seu nome?
Ela – Não qual é o seu nome?
Começam a elevar o tom, falam ao mesmo tempo, gritam se irritam e ficam agressivos.

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