domingo, 22 de agosto de 2010

Conversa com a sombra

A senhorita deve deitar e não me perguntar nada. Fica aí deitada olhando pra frente. Tá vendo pela janela? Tudo branco. Um mar de leite. Você acha que ouve, você acha que toca, mas não consegue sentir mais nada. Fecha o olho, fecha o outro olho, tá vendo? Não, você não vê nada, você não sente nada, você se perdeu em você mesma. Por fora eu te vejo travada, mas tenho certeza que você já deve estar no ponto de uma explosão. Um, dois, três, quatro, pula um, pula 20, pula 24. Me escreve uma carta, me diz que não é comigo que você quer ficar, que não é pra mim que você quer olhar, quando puder olhar de novo. Deita. Eu disse, deita de novo, não era pra você ter levantado. Seu dedinho da mão direita treme porque não quer mais ser dedinho, queria ser uma palma. Seu corpo quer explodir, mas não é isso que você estava pensando em fazer agora, pelo menos não é isso que você estava pensando em fazer com seu corpo agora. Mas ele não te pertence, você que está subordinada a ele. Deixa ele te levar!. Se joga. É, você não consegue, não sabe se jogar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário