terça-feira, 17 de agosto de 2010

SEM NOME

Ele fica sentado, por alguns segundos até se perceber boneco, mas agora já se sente outro. Precisa de um nome. Qual nome? Ele escolhe? Se ele não escolher quem decide, sugere, namora um nome? Ele não é ela, ele não é ela vestido dela. Talvez ele possa ser ela, quando ela quer ser ele ou até outro, mas não ela e não mulher. Ele senta como homem, como mulher, senta estando, senta com presença, perplexo não consegue, possivelmente não saiba nomes. Com certeza ele não sabia o nome dela, nunca tinha pensando na importância ou talvez no valor de um nome. Ele era capaz de sentir o cheiro dela, mesmo que vindo de outra cidade. Ele que ainda não tinha um nome e nunca soube o nome dela, através de suas camadas mais superficiais vibrava em harmonia com o corpo dela, e vibrava dessa maneira só com o corpo dela. Sua capacidade de identifica-la ultrapassava a necessidade de um nome. Nome era para os outros, para aqueles que não se entrelaçavam, não se emaranhavam, ele não precisou de um nome até hoje, até agora. Agora que ela foi embora, ele não sentia mais cheiro, seu corpo não vibrava, não harmonizava mais. Um corpo em caos. Ele nunca precisou do nome dela, ele não precisa mais do nome dela afinal ela já não é mais ela, não aquele ela com ele, e ele não é mais aquele ele com aquele ela. Quem é ele agora? Ele quer um nome, ele precisa de um nome, ele quer se ver fora.

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